sexta-feira, 15 de outubro de 2010

110 mil cães infectados com Leishmaniose em Portugal

Cerca de 110 mil cães portugueses estão infectados com Leishmaniose canina, uma infecção grave transmitida por um mosquito (o flebótomo). Esta é uma doença que é transmissível ao homem e, por isso, constitui um risco para a saúde pública. 

A taxa de prevalência está aumentando, pelo que é cada vez mais importante apostar-se na prevenção, alerta Rodolfo Neves, médico veterinário e membro da Leishnet, a primeira rede epidemiológica da Leishmaniose canina na Europa, criada pelo Observatório Nacional das Leishmanioses.

Este número resulta de um estudo levado a cabo entre 1 de abril e 31 de agosto deste ano, em 101 centros de atendimento médico-veterinário de Portugal continental e ilha da Madeira, que reportaram o rastreio de 445 animais. Deste total, registaram-se 137 casos positivos (dos quais 105 são novas infecções), sendo Lisboa a região do país com maior número de casos por distrito (33). Foi também o distrito que mais participou nas ações de rastreio (111 fichas recebidas). Uma extrapolação nacional permite deduzir que, em igual período, cerca de 1.000 novos cães desenvolveram a doença, ou seja, 6% da população canina nacional. 

Rodolfo Neves alerta para o fato de os número do estudo referirem-se apenas a cães que têm dono e acompanhamento médico-veterinário regular. “Por todas as razões, mas também por esta, o abandono de animais infectados pode constituir um grave perigo para a saúde púbica. Os cães abandonados têm uma pior alimentação e estão mais sujeitos a parasitas, bactérias e vírus, passando a ser autênticos disseminadores de doenças”, avisa.

Este primeiro relatório da Leishnet será divulgado no Encontro Nacional da Ordem dos Médicos Veterinários que terá lugar este fim-de-semana, no Monte de Caparica. De acordo com este médico-veterinário, o estudo permitiu concluir que todos os distritos de Portugal continental apresentam seropositividade (de 1% a 15%), o que significa que há risco de infecção em todo o território e esta taxa tem tendência para aumentar. Rodolfo Neves explica que o flebótomo beneficia com o aquecimento global, o que significa que, a manter-se o aumento da temperatura no planeta, podemos assistir a um crescimento da presença deste inseto. Neste momento, a atividade do mosquito desenvolve-se essencialmente entre Abril e Novembro.


PERGUNTAS & RESPOSTAS

Como se transmite?
A Leishmaniose canina é causada pelo parasita Leishmania e transmitida por um inseto chamado flebótomo (Leishmania infantum). Uma vez infectado, o cão passa a ser uma espécie de reservatório da doença, podendo transmiti-la a outros cães e ao ser humano (zoonose).

Como se manifesta?
Há que esclarecer, primeiro, que nem todos os cães infectados com o parasita Leishmania desenvolvem a doença, por possuirem anti-corpos. E há animais que não manifestam sinais da doença, embora estes casos sejam raros. Os primeiros sintomas a aparecer são, geralmente, a perda de pêlo, descamação (sobretudo na zona da cabeça, cauda e patas) e seborreia. Se não for tratada, a doença alastra pelo resto do corpo, podendo surgir úlceras, escaras e febre. Sendo uma doença sistêmica, afeta invariavelmente os rins, causando insuficiência renal crônica (nesta fase, o cão urina com mais frequência, bebe mais água, fica prostrado e perde peso). Assim que estes sinais começaram a surgir, o cão deve ser imediatamente encaminhado para o médico veterinário. Nos casos mais graves, a leishmaniose pode causar a morte do animal ou obrigar a eutanasiá-lo, para que não sofra mais.

Há cães mais propensos à doença do que outros?
De acordo com Rodolfo Neves, esta é uma doença que tem tendência a atingir mais os cães de raças não autóctones, como os retriever de labrador, rottweiler, o pastor alemão e o boxer, e mais os machos (prevalência de 67%). Alguns estudos indicam que a pelagem longa tem um efeito de proteção, uma vez que o mosquito prefere áreas sem pelo, mas este fato ainda carece de confirmação científica. Antes, a Leishmaniose canina era uma doença com maior prevalência nas zonas rurais, mas o estudo agora concluído aponta para que se esteja a tornar cada vez mais urbana, devido à existência de jardins e espaços verdes com condições para a reprodução e desenvolvimento destes mosquitos.

O que fazer para proteger o meu cão?
A prevenção é, de fato, indispensável no caso da Leishmaniose, uma vez que não existe vacina contra a doença. Rodolfo Neves aconselha a fazer um rastreio anual à doença, especialmente entre os meses de Janeiro e Março. Devem-se proteger os cães com um inseticida com efeito replente sobre o flebótomo, sendo as mais eficazes as coleiras impregnadas de deltametrina, que têm a duração de seis meses.

Que tratamentos existem?
Rodolfo Neves alerta para o fato de a prevenção ser muito mais barata do que o tratamento, a todos os níveis. Se o animal for tratado aos primeiros sinais da doença, através de medicação oral ou injeções, pode recuperar clinicamente, mas, mais cedo ou mais tarde, irá desenvolver uma recidiva. Passa a ser um cão com necessidade de uma maior prevenção e uma maior vigilânciância médica.

 
Nota: 
 
Mesmo com a ocorrencia de aumento de casos de Leishmaniose  em Portugal, os animais são tratados.

O BRASIL É O ÚNICO PAÍS QUE MATA ANIMAIS COM A DESCULPA DE CONTROLE DA LEISHMANIOSE. TODOS OS OUTROS TRATAM.

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