Cerca de 110 mil cães portugueses estão infectados com Leishmaniose canina, uma infecção grave transmitida por um mosquito (o flebótomo). Esta é uma doença que é transmissível ao homem e, por isso, constitui um risco para a saúde pública.
A taxa de prevalência está aumentando, pelo que é cada vez mais importante apostar-se na prevenção, alerta Rodolfo Neves, médico veterinário e membro da Leishnet, a primeira rede epidemiológica da Leishmaniose canina na Europa, criada pelo Observatório Nacional das Leishmanioses.
Este número resulta de um estudo levado a cabo entre 1 de abril e 31 de agosto deste ano, em 101 centros de atendimento médico-veterinário de Portugal continental e ilha da Madeira, que reportaram o rastreio de 445 animais. Deste total, registaram-se 137 casos positivos (dos quais 105 são novas infecções), sendo Lisboa a região do país com maior número de casos por distrito (33). Foi também o distrito que mais participou nas ações de rastreio (111 fichas recebidas). Uma extrapolação nacional permite deduzir que, em igual período, cerca de 1.000 novos cães desenvolveram a doença, ou seja, 6% da população canina nacional.
Rodolfo Neves alerta para o fato de os número do estudo referirem-se apenas a cães que têm dono e acompanhamento médico-veterinário regular. “Por todas as razões, mas também por esta, o abandono de animais infectados pode constituir um grave perigo para a saúde púbica. Os cães abandonados têm uma pior alimentação e estão mais sujeitos a parasitas, bactérias e vírus, passando a ser autênticos disseminadores de doenças”, avisa.
Este primeiro relatório da Leishnet será divulgado no Encontro Nacional da Ordem dos Médicos Veterinários que terá lugar este fim-de-semana, no Monte de Caparica. De acordo com este médico-veterinário, o estudo permitiu concluir que todos os distritos de Portugal continental apresentam seropositividade (de 1% a 15%), o que significa que há risco de infecção em todo o território e esta taxa tem tendência para aumentar. Rodolfo Neves explica que o flebótomo beneficia com o aquecimento global, o que significa que, a manter-se o aumento da temperatura no planeta, podemos assistir a um crescimento da presença deste inseto. Neste momento, a atividade do mosquito desenvolve-se essencialmente entre Abril e Novembro.
PERGUNTAS & RESPOSTAS
Como se transmite?
A Leishmaniose canina é causada pelo parasita Leishmania e transmitida por um inseto chamado flebótomo (Leishmania infantum). Uma vez infectado, o cão passa a ser uma espécie de reservatório da doença, podendo transmiti-la a outros cães e ao ser humano (zoonose).
Como se manifesta?
Há que esclarecer, primeiro, que nem todos os cães infectados com o parasita Leishmania desenvolvem a doença, por possuirem anti-corpos. E há animais que não manifestam sinais da doença, embora estes casos sejam raros. Os primeiros sintomas a aparecer são, geralmente, a perda de pêlo, descamação (sobretudo na zona da cabeça, cauda e patas) e seborreia. Se não for tratada, a doença alastra pelo resto do corpo, podendo surgir úlceras, escaras e febre. Sendo uma doença sistêmica, afeta invariavelmente os rins, causando insuficiência renal crônica (nesta fase, o cão urina com mais frequência, bebe mais água, fica prostrado e perde peso). Assim que estes sinais começaram a surgir, o cão deve ser imediatamente encaminhado para o médico veterinário. Nos casos mais graves, a leishmaniose pode causar a morte do animal ou obrigar a eutanasiá-lo, para que não sofra mais.
Há cães mais propensos à doença do que outros?
De acordo com Rodolfo Neves, esta é uma doença que tem tendência a atingir mais os cães de raças não autóctones, como os retriever de labrador, rottweiler, o pastor alemão e o boxer, e mais os machos (prevalência de 67%). Alguns estudos indicam que a pelagem longa tem um efeito de proteção, uma vez que o mosquito prefere áreas sem pelo, mas este fato ainda carece de confirmação científica. Antes, a Leishmaniose canina era uma doença com maior prevalência nas zonas rurais, mas o estudo agora concluído aponta para que se esteja a tornar cada vez mais urbana, devido à existência de jardins e espaços verdes com condições para a reprodução e desenvolvimento destes mosquitos.
O que fazer para proteger o meu cão?
A prevenção é, de fato, indispensável no caso da Leishmaniose, uma vez que não existe vacina contra a doença. Rodolfo Neves aconselha a fazer um rastreio anual à doença, especialmente entre os meses de Janeiro e Março. Devem-se proteger os cães com um inseticida com efeito replente sobre o flebótomo, sendo as mais eficazes as coleiras impregnadas de deltametrina, que têm a duração de seis meses.
Que tratamentos existem?
Rodolfo Neves alerta para o fato de a prevenção ser muito mais barata do que o tratamento, a todos os níveis. Se o animal for tratado aos primeiros sinais da doença, através de medicação oral ou injeções, pode recuperar clinicamente, mas, mais cedo ou mais tarde, irá desenvolver uma recidiva. Passa a ser um cão com necessidade de uma maior prevenção e uma maior vigilânciância médica.
Fonte: Jornal de Notícias
Nota:
Mesmo com a ocorrencia de aumento de casos de Leishmaniose em Portugal, os animais são tratados.
O BRASIL É O ÚNICO PAÍS QUE MATA ANIMAIS COM A DESCULPA DE CONTROLE DA LEISHMANIOSE. TODOS OS OUTROS TRATAM.
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