quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A leishmaniose no Brasil enquadra-se na categoria de mazela “extremamente negligenciada”.


Pesquisadores do Ipen formulam remédio mais eficiente para o tratamento da leishmaniosePor Fillipe Mauro 20/07/2012

São Paulo (AUN - USP) - Uma equipe de pesquisadores do Centro de Biofármacos do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) descobriu uma forma de elevar a eficiência e reduzir a toxicidade do medicamento mais comumente empregado contra a leishmaniose, doença ainda muito comum nas zonas rurais de países tropicais.

Até hoje, os fármacos mais disseminados para o extermínio dos protozoários do gênero leishmania (os causadores da doença) possuem como princípio ativo átomos de antimônio. Ocorre que, de acordo com a bioquímica Nanci do Nascimento, coordenadora do projeto de pesquisa, “esses compostos são muito tóxicos e matam células saudáveis do organismo”.

Seu objetivo, nesse sentido, “foi aprimorar o tratamento da leishmaniose” e, mais além, “entender como ele funciona”. A cientista esclarece que, antes desse projeto, “não se sabia qual era a farmacocinética do antimônio”. Isso significa que ninguém conhecia ao certo para quais pontos do organismo esse elemento se dirigia. “Nós tornamos o antimônio radioativo e, em seguida, o aplicamos em cobaias animais” para “rastrear seu trajeto” pelo organismo.

A partir daí, o antimônio foi encapsulado em polímeros chamados lipossomos “para melhor direcionar a droga e controlar sua liberação pelo corpo”. “O que observamos foi que a droga encapsulada possuía uma maior eficácia sobre as células infectadas do que aquelas que eram liberadas arbitrariamente no organismo”, conclui.

Questionada sobre o impacto público de seu projeto de pesquisa, Nanci esclarece que o plano “é tornar isso um novo medicamento”. Para a DNDi (Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas, na sigla em inglês), organização sediada em Genebra que monitora a atenção dispensada pelas autoridades de saúde de cada país a doenças tropicais endêmicas, a leishmaniose no Brasil enquadra-se na categoria de mazela “extremamente negligenciada”.

USP


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